quinta-feira, 17 de maio de 2012

Plantando saber

Montar uma horta com um grupo de 3 anos amplia o contato com o meio ambiente e ensina as crianças a cuidar de seres vivos.

Vamos plantar uma horta? Ao propor esse desafio às crianças da Creche Municipal Doraci Dália Granito, em Teresópolis, a 90 quilômetros do Rio de Janeiro, a professora Camila de Mattos Afonso não se surpreendeu com a receptividade da turma. "Muitos deles são filhos de pequenos agricultores. Por isso, imaginei que fossem mesmo se empolgar com a proposta", recorda. Com a ajuda da diretora Marlúcia Dias Mendes, Camila conseguiu um espaço livre no jardim da escola e começou a pensar em maneiras de os pequenos aproveitarem ao máximo a atividade. A reflexão virou um projeto didático que começou longe da terra, dentro da sala.


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"Quem sabe o que é uma horta?", perguntou Camila à turma. Vários dedinhos se levantaram. A educadora falou dos cuidados necessários para que os vegetais vinguem, como água e sol em abundância, e da responsabilidade de acompanhar o crescimento de outro ser vivo. O contato com plantas e pequenos animais ajuda crianças de até 3 anos a entender a importância da natureza, estabelecendo relações entre o meio ambiente e suas formas de vida, como sugere o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Em seguida, Camila organizou uma visita à cozinha da creche, onde a turma pôde ver frutas, verduras e legumes sendo manuseados antes de ir para o prato. Ela aproveitou o momento para falar de cuidados pessoais, reforçando noções básicas de higiene, como lavar bem as mãos e os alimentos - uma vez que existe o risco de a sujeira contaminar a comida.

Essas atividades preliminares servem para explicar como a horta está presente, de uma forma ou de outra, no dia-a-dia de todos nós. Depois disso, ficou simples explorar a experiência direta dos pequenos com as plantas. "Até a idade de 3 anos, quanto mais o professor oferecer chances de exploração, mais fácil será para as crianças aprender", afirma Rosângela Veliago, assessora de redes públicas e de escolas particulares na área de Educação Infantil. Camila preferiu montar a horta com mudas - e não com sementes, cujo desenvolvimento exige mais tempo. Produtores da vizinhança e alguns pais doaram os pés de alface, e cada criança passou a ter uma planta sob seus cuidados. Depois de um mês de atenção diária, nenhuma alface morreu ou foi atacada por pragas. Quando finalmente chegou a hora de colher os frutos - ou melhor, as verduras -, Camila levou os pequenos para um passeio na quitanda. Lá foi possível conhecer outras espécies vegetais e escolher novos ingredientes para a suculenta salada preparada na volta à escola.

A horta gerou ainda um efeito colateral que a professora nem havia imaginado: "Os que antes não gostavam de comer verduras começaram a degustar a alface que eles mesmos haviam plantado", conta Camila. "Até que tem um gosto bom, né?", confessou um dos meninos.


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