Montar uma horta com um grupo de 3 anos amplia o contato com o meio
ambiente e ensina as crianças a cuidar de seres vivos.
Vamos plantar uma horta? Ao propor esse desafio às
crianças da Creche Municipal Doraci Dália Granito, em Teresópolis, a 90
quilômetros do Rio de Janeiro, a professora Camila de Mattos Afonso não se
surpreendeu com a receptividade da turma. "Muitos deles são filhos de
pequenos agricultores. Por isso, imaginei que fossem mesmo se empolgar com a
proposta", recorda. Com a ajuda da diretora Marlúcia Dias Mendes, Camila
conseguiu um espaço livre no jardim da escola e começou a pensar em maneiras de
os pequenos aproveitarem ao máximo a atividade. A reflexão virou um projeto
didático que começou longe da terra, dentro da sala.
"Quem sabe o que é uma horta?", perguntou
Camila à turma. Vários dedinhos se levantaram. A educadora falou dos cuidados
necessários para que os vegetais vinguem, como água e sol em abundância, e da
responsabilidade de acompanhar o crescimento de outro ser vivo. O contato com
plantas e pequenos animais ajuda crianças de até 3 anos a entender a
importância da natureza, estabelecendo relações entre o meio ambiente e suas
formas de vida, como sugere o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Em seguida, Camila organizou uma visita à cozinha da creche, onde a
turma pôde ver frutas, verduras e legumes sendo manuseados antes de ir para o
prato. Ela aproveitou o momento para falar de cuidados pessoais, reforçando
noções básicas de higiene, como lavar bem as mãos e os alimentos - uma vez que
existe o risco de a sujeira contaminar a comida.
Essas atividades
preliminares servem para explicar como a horta está presente, de uma forma ou
de outra, no dia-a-dia de todos nós. Depois disso, ficou simples explorar a
experiência direta dos pequenos com as plantas. "Até a idade de 3 anos,
quanto mais o professor oferecer chances de exploração, mais fácil será para as
crianças aprender", afirma Rosângela Veliago, assessora de redes públicas
e de escolas particulares na área de Educação Infantil. Camila preferiu montar
a horta com mudas - e não com sementes, cujo desenvolvimento exige mais tempo.
Produtores da vizinhança e alguns pais doaram os pés de alface, e cada criança
passou a ter uma planta sob seus cuidados. Depois de um mês de atenção diária,
nenhuma alface morreu ou foi atacada por pragas. Quando finalmente chegou a
hora de colher os frutos - ou melhor, as verduras -, Camila levou os pequenos
para um passeio na quitanda. Lá foi possível conhecer outras espécies vegetais
e escolher novos ingredientes para a suculenta salada preparada na volta à
escola.
A horta gerou ainda um efeito colateral que a
professora nem havia imaginado: "Os que antes não gostavam de comer verduras
começaram a degustar a alface que eles mesmos haviam plantado", conta
Camila. "Até que tem um gosto bom, né?", confessou um dos meninos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário